Chapada dos Guimarães é um refúgio de lazer e frescor
A Chapada dos Guimarães, amada pelos cuiabanos, é um refúgio de lazer e frescor. A 40 minutos de Cuiabá, numa estrada mal asfaltada e sem acostamento, estam...
A Chapada dos Guimarães, amada pelos cuiabanos, é um refúgio de lazer e frescor. A 40 minutos de Cuiabá, numa estrada mal asfaltada e sem acostamento, estamos a caminhos desta maravilha, um grande platô e falésias vermelhas, rochas, cerrado, cachoeiras e paisagens deslumbrantes, onde o vento bate fresco, dando prazer aos nativos e alegria aos visitantes. A cidade concentra um grande número de pousadas e hoje muitos retiros religiosos por ser um local onde a energia é diferente e o meditar nos conduz à profundidade da mente e do espírito. A Pousada Penhasco, a maior, com uma vista incrível, está bem servida de piscinas, sauna, restaurante, porém, hoje sem muito charme. Hoje já existem lugares com maior charme e bom serviço. A vida do local está entre o esporte de aventura, trekking, escaladas, visitas a trilhas e cachoeiras e a meditação no ponto geodésico do país. A pequena vila conserva seu aspecto interiorano e cuiabano em sua arquitetura simples. Na praça, fica a igreja colonial, que ainda conserva alguns objetos em prata e as imagens autênticas, e também a vida da cidade e dos artesões que brigam por um espaço. Algumas casas conservam o estilo colonial e vendem produtos e alimentos típicos e aí os turistas mais preguiçosos passam o dia e a noite. E foi neste clima, entre algumas andanças e preguiça, que descobri uma preciosidade quando buscava artigos indígenas ou até mesmo uma tribo que fosse possível visitar. Indicaram-me o Léo Rocha. Eu não sabia quem era Léo Rocha, mas sabia que queria um pouco da cultura e do conhecimento indígena. Então segui a orientação. Basta seguir a rua do Banco do Brasil e, lá embaixo, vi uma casa que poderia ser a dele, achei! Entrei e logo fui tão bem recebida por ele e por sua mãe que puseram-se a contar sua história. Lá fiquei toda a manhã. - Criei o Léo para ser o mais independente possível, dizia sua mãe, pois os médicos me deram seis meses de vida. Eu o deixava livre para andar e aprender a viver só. Aos 11 anos, ele pediu-me para ir com os índios e eu deixei, pois imaginava que numa tribo ele pudesse estar seguro em relação à vida. Lá ele ficou e foi adotado pelos índios, que solicitaram aos órgãos competentes sua permanência por um tempo maior. O tempo foi bem maior que imaginei e que os órgãos imaginaram. Chegaram a ir atrás do menino, que foi escondido pelos índios. Isto tudo sem que ele soubesse. Enfim, ele voltou e, com uma sabedoria e cultura incrível, conhecia as plantas e suas curas, trabalhava o artesanato, a culinária e auxiliava os pajés. Aos 17 anos de idade, quando houve no Mato Grosso um simpósio de pajés, o Léo foi quem recepcionou-os e, quando a conferência terminou, lá foi o Léo novamente para a selva. Depois de algum tempo, ele voltou e sua mãe, preocupada com outras culturas, colocou abertamente ao filho: - Você quer estudar? Ele disse não. Aí sua mãe colocou em suas mãos livros que ele devorou rapidamente e nunca mais parou. Voltou para a Chapada e abriu uma marcenaria, onde restaurava, esculpia e construía. Vivia bem com seu conhecimento e sua marcenaria e foi aí que o Discovery fez-lhe a proposta de trabalhar e apresentar a temporada que hoje está na segunda temporada em rede internacional para mais de 100 países. Foi aí que eu soube quem era Léo Rocha. Hoje em dia, ele é o Branco, especialista em sobrevivência. Além do programa, faz vivências, viagens, treinamento para guias e, com a preocupação de manter a cultura indígena, montou, com o apelo da TV, uma loja onde concentra produtos e a cultura de várias tribos do Brasil. Os objetos que consegue são de uma autenticidade e beleza incríveis. Ficar em sua loja é um deleite. As conversas que rodeiam sempre a cultura, o artesanato, a saúde, alimentação e, além de turistas diferenciados que o procuram, os nativos e amigos que muitas vezes abandonam suas vidas em grandes centros e hoje vivem na Chapada e têm uma postura diferente diante da vida. Claro que amei! Voltei e comprei alguns produtos, como um jogo de panelas de barro para servir uma mesa e a rede feita de buriti que é uma verdadeira obra de arte e conforto, pois, ainda que índios durmam em redes, eles presam pelo conforto ao dormir, já que acreditam que os sonhos podem trazer as soluções de problemas. Particularmente, eu concordo e quem trabalha comigo sabe: quando eu acordo e início o dia dizendo: gente esta noite...eles já sabem que vem alguma novidade por aí, é engraçado. A gastronomia e os bons e belos restaurantes foram uma surpresa e uma novidade recente. Fomos almoçar no Morro dos Ventos, o mais antigo restaurante da cidade. Com vista privilegiada e comida típica, o local é grande e barulhento, com serviço bem turístico. O Restaurante Português serve bacalhau. A entrada do lugar é imponente e de bom gosto, o bacalhau é bom e a carta de vinhos idem. Almoçamos em um outro restaurante muito bonito. A louça, os copos, as mesas e cadeiras fazem a diferença. O uniforme dos garçons é diferenciado, assim como o serviço, a vista imbatível, a gastronomia achei um pouco pesada com muitos molhos, porém as outras pessoas que nos acompanhavam adoraram. A carta de vinhos é boa. Existem dois apartamentos para aluguel, que estavam locados, eu suponho que devem ser no mesmo nível de bom gosto e atendimento. O local faz casamentos e festas em salão separado. À noite fomos ao Bistrô, com a vista igualmente linda e bom gosto. Naquela data estava tendo um show tributo a Tim Maia e a casa estava lotada. Mesmo assim, conseguiram segurar o serviço, a gastronomia é boa e com toque francês, a carta de vinhos é boa. Enfim, o motivo de nossa passagem na Chapada Diamantina foi estar com nossas netas e ter um convívio mais íntimo e harmonioso. Elas são uns amores e companheiras. Nossa viagem valeu em todos os aspectos.